segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

POBRE PIAUÍ - SEGUNDO TEMPO FRAUDE.

Estadão denuncia fraude no programa Segundo Tempo no Piauí

Reportegam diz que OnG de diretores do PCdoB recebe R$ 4,2 milhões sem licitação, mas situação do projeto é precária.

Texto: A- A+

Uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo mostra como o programa Segundo Tempo do Ministério dos Esportes é gerenciado no Distrito Federal, Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. Eles denunciam que a Famepi tem um contrato de R$ 4,2 milhões com o ministério, sem licitação, para manter o programa no Piauí, mas situações precárias e de abandono em Teresina e Campo Maior.
Ministro Orlando Silva
De acordo com a reportagem, considerado o “principal programa do Ministério do Esporte, comandado por Orlando Silva, além de gerar dividendos eleitorais, transformou-se num instrumento financeiro do Partido Comunista do Brasil (PC do B), legenda à qual é filiado o ministro”.

 O Ministério do Esporte responsabilizou as entidades contratadas pelas falhas no Programa Segundo Tempo. Mesmo assim, a pasta defendeu o critério de escolha das entidades. "Para escolher ou renovar parcerias, a Secretaria Nacional de Esporte Educacional realiza chamamento público, um procedimento de seleção de entidades e órgãos com capacidade técnica e operacional para executar o programa."

Confira a reportagem feita no Piauí, na íntegra:

ONG recebe R$ 4,2 mi e abandona núcleosFamepi, no Piauí, tem entre seus dirigentes nove integrantes do comando regional do PC do B.
TERESINA (PI) - No Piauí, a logomarca do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, está estampada em muros de núcleos improvisados com tijolos e bambus. Alguns desses núcleos estão abandonados, cheios de detritos, mas têm algo em comum: apesar da precariedade, são controlados pela Federação das Associações dos Moradores do Piauí (Famepi), subordinada ao PC do B.

A entidade tem um contrato de R$ 4,2 milhões com o governo federal, sem licitação, para montar 126 núcleos e beneficiar 12 mil crianças.

Seu presidente é Raimundo Mendes da Rocha, dirigente do PC do B no Piauí. Pelo menos nove integrantes da direção da federação fazem parte do comando regional do partido. Essas pessoas são designadas para coordenar o Segundo Tempo nos bairros cadastrados no Ministério do Esporte. E todas trabalharam em 2010 pela reeleição do deputado federal Osmar Júnior, presidente regional do PC do B, líder do partido na Câmara e aliado do ministro Orlando Silva.

Foto: Dida Sampaio/AE
Meninos de Areias, bairro de Teresina, jogam descalços na quadra de um dos ‘núcleos’ esportivos
Entre os lugares cadastrados para receber o Segundo Tempo está o bairro de Areias, região pobre de Teresina. O núcleo é identificado pela logomarca pintada num muro encoberto pelo mato. Do lado de dentro, o cenário revela como é o Segundo Tempo no Piauí. O que é chamado de núcleo é um terreno baldio, nos fundos de uma creche, em meio ao mato alto e alguns pés de manga. Um trecho com cimento a céu aberto virou quadra, onde as crianças improvisam tijolos como trave de futebol e bambus para pendurar a rede de vôlei.

Como o projeto não fornece tênis nem chuteiras, muitos dos meninos jogam descalços. É o caso do estudante Antônio Emerson dos Santos, 12 anos, que recebeu apenas uma camiseta e um calção da Famepi. "É uma completa desorganização", reclama Maria do Socorro Vieira, mãe de Larissa Matielli, 13 anos, aluna do projeto.

A 80 quilômetros de Teresina, na cidade de Campo Maior, a situação é ainda pior. Oficialmente, quatro núcleos estão registrados. Nos endereços oficiais, dois não existem. Outros dois funcionam num clube abandonado, onde o teto da quadra caiu. O clube fica nos fundos de um bar, cujo letreiro divide espaço com o logotipo do Segundo Tempo.

Lá é servida a merenda do projeto - apenas bolachas. "É que falta freezer para armazenar os frios", explica Francisca da Chagas Sousa, que coordena o projeto. Ela é dirigente da Famepi e do PC do B do Piauí. A Famepi registrou, em Mocambinho, outro bairro de Teresina, um núcleo do Segundo Tempo com o suposto cadastro de 100 crianças. O projeto nunca funcionou no local.

‘Apartidária’. O presidente da Famepi, Raimundo Mendes da Rocha, filiado ao PC do B, negou o favorecimento do partido. "A Famepi é apartidária. As associações beneficiadas são ligadas à Famepi", disse. Ele responsabilizou o modelo financeiro do Ministério pelas dificuldades. "O programa não tem recursos para construir quadras e utiliza o que está disponível."

Rocha admitiu que crianças jogam com pés descalços. "É uma pena, porque elas reclamam. Queremos sanar essa questão porque jogar numa quadra com pé descalço não é fácil, é ruim."

Fonte: Estadão
redacao@cidadeverde.com

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