Lisboa, 18 mar (EFE).- O líder líbio Muammar Kadafi assegurou que criará um "inferno" sobre quem atacar em uma entrevista à televisão lusa na qual advertiu que um conflito como esse acabaria com a segurança no Mediterrâneo.

"Se o mundo atua como um louco, nós faremos o mesmo. Vamos responder. Também faremos de sua vida um inferno. Nunca terão paz", assegurou o dirigente líbio.

"A região do Mediterrâneo ficaria danificada, destruída, não haveria nenhuma circulação segura nem marítima nem aérea", previu o coronel ao ser perguntado pela possibilidade de uma operação internacional contra seu regime, concretamente com a participação da França.

Na entrevista, divulgada hoje pela "Rádio Televisão Portuguesa" ("RTP"), Kadafi se mostrou convencido de que o povo de Benghazi, onde se concentram os rebeldes contra seu regime, é fiel a ele e quer ser libertado dos "agentes de Bin Laden".

"O povo de Benghazi está conosco, está comigo, nos pedem que vamos libertá-los", disse o coronel, convencido que na Líbia "a grande maioria" o respalda.

"Diria que todo o povo", acrescentou ao lembrar que prometeu "aos líbios que foram enganados" que perdoará os que tenham bom senso e deponham as armas.

"Estamos combatendo o terrorismo, que é um inimigo para a Líbia e para o mundo", argumentou Kadafi, que se queixou que não se tenha enviado uma missão a seu país para verificar que a rede terrorista Al Qaeda está por trás dos protestos contra seu regime.

Perguntado sobre possíveis negociações para acabar com o conflito que vive seu país, Kadafi se perguntou primeiro com ceticismo: "Com quem?", embora mais adiante tenha expressado sua disposição, "se for necessário", de conversar com os "terroristas".

"Entraremos em negociações com Bin Laden ou seus elementos", assegurou.

Mas o líder líbio ressaltou sua determinação de se atirar à "luta" se o atacarem do exterior.
"Estávamos em paz e agora nos querem levar de ataque em ataque militar, é um disparate, uma loucura", acrescentou.

O dirigente líbio também rejeitou a intervenção do Conselho de Segurança da ONU e afirmou que não reconhece suas resoluções porque não há uma guerra entre dois países que a justifique.

"Vêm para nos ocupar, nos invadir, nos colonizar", sustentou ao expressar sua "desilusão" com seus "parceiros" da União Europeia.

EFE