sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CASO SAKINEH.

Iraniana condenada a apedrejamento volta a aparecer na TV

Canal iraniano Press-TV apresentou programa sobre Sakineh Ashtiani.
Programa criticou a ativista iraniana que lidera campanha por libertação.


Do G1, com agências internacionais
 
O canal iraniano em inglês Press-TV difundiu na noite desta sexta-feira (10) um programa sobre o caso de Sakineh Mohammadi-Ashtiani, destacando a dimensão criminosa desta mãe de 43 anos condenada a morrer apedrejada em um caso que mistura o homicídio de seu marido e adultério.

No programa foram entrevistados a condenada, seu filho Sajjad e seu último advogado, Hutan Kian. Os três estão detidos atualmente.

No programa não é oferecido nenhum dado novo sobre o caso que provocou grande comoção e uma forte mobilização no Ocidente.
Suposta foto de Sakineh Mohammadi-Ashtiani e seu filho. A condenada a apedrejamento que teria sido libertada, segundo informações não-oficiais
Suposta foto de Sakineh Mohammadi-Ashtiani e seu filho. A condenada a apedrejamento que teria sido libertada, segundo informações não-oficiais (Foto: AP)
 
No entanto, no programa se critica a ativista iraniana Mina Ahadi, porta-voz do Comitê Internacional contra o Apedrejamento, sediado em Berlim, por ter instrumentalizado este assunto com a ajuda da imprensa ocidental com finalidade de prejudicar a República Islâmica.

O Comitê Internacional Antiapedrejamento, ONG alemã que acompanhava o caso, havia informado nesta quinta sobre a suposta libertação da iraniana.

Mohammadi-Ashtiani, que está presa em Tabriz (noroeste do Irã), foi condenada à morte por dois tribunais diferentes em 2006 pelo envolvimento no assassinato do seu marido. Sua condenação por assassinato foi reduzida em 2007 a 10 anos de prisão, mas sua sentença a morrer apedrejada por adultério foi confirmada no mesmo ano por outra corte de apelação.
A ativista Mina Ahadi
A ativista iraniana Mina Ahadi (Foto: Divulgação)
 
A revelação do caso em julho passado por associações pró-direitos humanos provocou forte mobilização no Ocidente, onde muitos países e personalidades pediram que não se aplique a sentença, que qualificaram de "selvagem".

'Reconstituição'
O programa difundido pela Press-TV inclui uma "reconstitução" do homicídio realizada expressamente para este canal por Mohammadi-Ashtiani, tirada da prisão para a ocasião com permissão das autoridades iranianas.

Esta é a terceira ocasião desde julho que Sakineh aparece na televisão iraniana. Ao contrário das duas anteriores, nas quais apareceu usando um chador, falando em azeri (língua turca no noroeste do Irã), nesta ocasião usava um simples lenço e falando um persa correto.

Brasil
O caso veio a público em julho passado e provocou uma onda de protestos no Ocidente, com pedidos para que a sentença não fosse aplicada.

O Irã acusa o Ocidente de usar o caso como arma de propaganda, transformando um “caso simples” em um meio de pressionar o governo do presidente Mahmud Ahmadinejad, criticado por supostas irregularidades eleitorais e desrespeito aos direitos humanos.

Em julho, o presidente Lula, após inicialmente dizer que não intercederia por Sakineh, apelou a Ahmadinejad para que Sakineh fosse recebida no Brasil. Em 3 de novembro, a presidente eleita, Dilma Rousseff, disse que o apedrejamento seria “uma coisa bárbara”.

* Com informações das agências France Presse, Efe e Reuters

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