domingo, 2 de janeiro de 2011

POBRE PIAUI VERMELHO - ALOPRADOS.

“Governador do Piauí capricha no nepotismo e ganha destaque nacional”.

O “Valor Econômico”, um dos mais influentes do Brasil, publicou ontem uma reportagem sobre a trajetória política do governador Wilson Martins (foto). O texto destaca que ele se compôs com a direita e com a esquerda, se aliou ao governo, fez de uma secretaria uma pasta hereditária, escanteou o PT na composição de seu governo e caprichou no nepotismo. Eis alguns fragmentos do texto:

“Em 2006, com os ventos de continuidade que sopravam em direção às reeleições do presidente Lula e do governador Wellington Dias, ambos do PT, o então deputado estadual Wilson Martins abandonou o PSDB, partido no qual estava havia mais de dez anos, e entrou no PSB, numa estratégia que lhe renderia muitos frutos. Deixou de ser ferrenho opositor e habilitou-se a fazer parte do governo piauiense do PT. Virou secretário de Desenvolvimento Rural, organizou o PSB no Estado e colonizou a sigla com vários prefeitos, deputados e vereadores egressos do DEM, que estavam à míngua, longe do poder. Martins capitalizou-se fazendo a ponte entre a esquerda e a direita travestida de socialista. Tornou-se o vice-governador no segundo mandato de Dias e sucessor natural ao cargo, que assume no sábado depois de eleição disputada, em que não largou como favorito.

Contou a seu favor, porém, a força da máquina do governo do PT, bem avaliado, instalado no poder havia quase oito anos. E o apoio de Lula e de sua candidata, Dilma Rousseff, num Estado onde a próxima presidente amealhou 70% dos votos no segundo turno. Ao tomar posse, aos 57 anos, Wilson Martins receberá uma herança invejável acumulada na era Dias. Terá uma superbase na Assembleia, formada por 25 dos 30 deputados. Oito dos dez deputados federais e os três senadores do Estado também são de sua base.

É uma hegemonia que ele não conquistou sozinho. Mas que agora, uma vez eleito governador, lhe dá condições de exercer o poder ao seu gosto, para a contrariedade de quem lhe deu asas. Com as posições invertidas, Wilson Martins passou a distribuir as cartas. Sua decisão de diminuir o espaço de aliados no secretariado causou descontentamento no PMDB e, principalmente, no PT, que se sente escanteado.

Uma das principais reivindicações do PT, nas negociações durante a transição, foi a devolução da pasta de Desenvolvimento Rural (SDR). É a mesma pela qual Wilson Martins entrou no território petista, e a tornou, digamos, praticamente uma secretaria hereditária. Primeiro, indicou seu cunhado, Elcio, e depois o irmão, Rubens Martins”.

PT DO PIAUÍ SE HUMILHA PARA NÃO FICAR “SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO”
Mesmo vitorioso nas eleições passadas, o PT do Piauí vive uma crise existencial. O partido passou oito anos no governo, dando as cartas, e não lembrou que um dia o seu tempo acabaria. Mas eis que esse dia chegou. Hoje a sigla não passa de uma sigla auxiliar do governo, como várias outras.

No loteamento dos cargos, as principais secretarias ficavam nas mãos do PT, nos dois últimos governos. Agora o partido se humilha para não ficar com as mãos abanando. E são oferecidas apenas secretarias periféricas, sem expressão administrativa ou política. Ainda assim, em quantidade que não corresponde ao peso político do partido.

O Partido dos Trabalhadores se encontra nessa encruzilhada por conta da esperteza do ex-governador Wellington Dias. Se ele tivesse ficado no governo até o final do mandato, conforme havia se comprometido com o partido e também publicamente, ele elegeria qualquer filiado à sua sucessão.

Mas o que fez Wellington? Quebrou a palavra e, surpreendentemente, se lançou candidato ao Senado. Venceu fácil a eleição, ficando em primeiro lugar. Também carregou nas costas a candidatura do governador Wilson Martins, a de sua mulher Rejane à Assembleia Legislativa e as de seus amigos Assis Carvalho e Jesus Rodrigues à Câmara Federal.

O resultado da eleição mostrou que o PT teria mais quatro anos de poder, no Piauí, se tivesse apresentado candidato próprio ao Palácio de Karnak, com Wellington ficando no cargo até o final de seu mandato. O partido paga, pois, o preço da ganância política de seu principal líder, que já demonstra estar cansado do Senado antes mesmo de tomar posse.

Desde sua eleição, ele mudou-se para Brasília, para cavar uma cadeira no Ministério da presidente Dilma Rousseff. Esforço em vão. Ele não teve cacife para entrar no ministério, nem mesmo em uma pasta periférica. Assim, o PT está sem prestígio lá e sem prestígio cá, caminhando a passos largos para uma era de vacas magras.

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