segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ATAQUES DE 11 DE SETEMBRO.

Xeque citado em documento vazado diz que EUA 'truncaram' declarações

Yamani Nur questionou ação de Bin Laden no 11 de Setembro.
Teor de conversa com xeque de Londrina foi divulgado pelo site Wikileaks.

Thiago Guimarães Do G1, em São Paulo
Citado em relatório da diplomacia dos EUA por colocar em dúvida o envolvimento de Osama Bin Laden nos ataques do 11 de Setembro, o xeque Yamani Abdul Nur Muhammad, de Londrina (PR), afirmou ao G1 que suas declarações foram "truncadas" pelo governo norte-americano.

O texto que menciona Yamani integra um conjunto de 251.287 relatórios da diplomacia americana produzidos entre 1966 e 2010. A organização Wikileaks teve acesso ao material, que inclui telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana no Brasil, e passou a publicá-lo gradualmente nesta semana.
O xeque de 33 anos, de origem portuguesa e referência da comunidade islâmica em Londrina, é citado em um relatório confidencial de 20 de novembro de 2009, produzido pelo Consulado dos EUA em São Paulo por ocasião da visita ao Brasil de Farah Pandith, representante especial da Chancelaria dos EUA para as comunidades islâmicas.

O texto descreve características da comunidade muçulmana no Brasil e Yamani é mencionado em tópico sobre "atitudes antiamericanas".

"Enquanto a comunidade islâmica brasileira é pacífica e tem muitos elementos amigáveis, ela também contém fontes de forte suspeita contra os EUA. Em um encontro em agosto, o xeque Yamani da mesquita em Londrina (uma cidade do interior no estado do Paraná) afirmou a Poloff [representante da Embaixada dos EUA] que o envolvimento de Bin Laden nos ataques de 11 de Setembro às Torres Gêmeas nunca foi provado. Quando Poloff apontou que Bin Laden vangloriou-se sobre o mesmo na TV, o xeque Yamani respondeu que "tais coisas podem ser adulteradas", diz trecho do documento.

Em entrevista por telefone nesta segunda-feira, Yamini confirmou ter recebido, há cerca de dois anos, um enviado dos governo dos EUA que gostaria de conversar sobre a percepção da comunidade islâmica brasileira a respeito do governo dos EUA. Ressaltou não ter "entendido muito" as intenções do enviado, mas que a conversa foi amigável. Informado pelo G1 sobre o teor da descrição oficial da conversa, afirmou que "muitas vezes o que a gente acha é truncado [pelos ouvintes]".

"O objetivo da minha conversa era mostrar que da minha parte pessoal prefiro não me meter nos assuntos de política, por achar que hoje existe um bando de interesses pessoais e para isso algumas pessoas acabam utiizando a religião como pretexto para alcançarem seus objetivos. Quando questionado acerca do Bin Laden, o que lhe quis dizer foi que não foram apresentadas provas concretas de que ele teria sido o autor, e caso tenha sido provado, aí qualquer teólogo islâmico não aceita esta ação, aí não podemos generalizar a ação de uma pessoa como sendo a religião", disse o xeque.

Relatório diz que xeque é "amigável" e cita trajes de religioso
O documento produzido pelo Consulado dos EUA descreve ainda o xeque de Londrina como "bastante amigável", e diz que o religioso aparenta representar uma "linha conservadora" do euro-Islã, o que, de acordo com o relato, foi evidenciado por suas roupas e o vestido "altamente conservador" da mulher do xeque.

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