quarta-feira, 17 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO.

Vigilante da UFPI apresenta tese de doutorado e quer virar professor

Vigia desde 1992, Raimundo Castro foi beneficiado por convênio e fez doutorado na UFRN.


Raimundo José Castro, servidor da Universidade Federal do Piauí - UFPI -, apresentou na última terça-feira (16) sua tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Algo rotineiro, fosse ele professor da instituição. Desde 1992, ele trabalha como vigilante e foi beneficiado por programas de incentivo desde a graduação em Matemática, curso para o qual foi aprovado um ano após a aprovação em concurso público.

O vigilante concluiu o curso em 1998 com ajuda da UFPI. "Eu era dispensado nos horários das aulas, durante a graduação e na especialização. Mas posteriormente eu repunha o horário", explica. Ele fez especialização também na UFPI e dava aula nas horas de folga. Em 2006, Raimuno aproveitou o convênio entre a UFPI, IFPIe UFRN e fez pós-graduação em Ciências de Engenharia e Materiais. 

"O meu Mestrado foi feito através do MINTER (Mestrado Interinstitucional), mas durante o mestrado eu não me afastei das minhas funções. No IFPI eu peguei os créditos e no SENAI-PI fiz algumas disciplinas da parte experimental. O restante foi concluído na UFRN. Nesse processo a UFPI me apoiou com passagens e com diárias", diz o vigia, que tornou-se mestre em maio de 2008 e doutorando em junho do mesmo ano. Durante o período, ele ficou afastado da UFPI com licença remunerada.


A tese intitulada "Estudo de formulações para produção de revestimento de base argilosa vermelha com feldspato e/ou resíduo de caulim" foi defendida em Natal/RN. Raimundo Castro quer contribuir para o desenvolvimento de cerâmicas com revestimento a um custo mais baixo, diminuíndo impactos ambientais. 

"No meu estudo nós trabalhamos a produção de cerâmica de revestimento, fazendo a substituição de material com valor agregado (feldspato), por material oriundo da cadeia produtiva do caulim (argila de queima clara), que é utilizado na produção de revestimento de base branca (porcelanato). Esse resíduo vem gerando problemas de ordem ambiental, em função do grande volume produzido durante a cadeia produtiva do caulim. Quando ele é descartado de forma inadequada, traz impacto ambiental negativo. Ele geralmente é lançado à beira de estradas e margens de rios. Do ponto de vista da saúde pública ele também é prejudicial, pois seu pó, muito fino, pode trazer danos à saúde, quando é inalado", detalha.

Agora o doutor quer deixar de ser vigilante e conseguir aprovação em novo concurso, para professor. "O meu objetivo agora é somar mais títulos e tentar um concurso para o sistema federal de ensino, mas é claro que seria ótimo poder contribuir com o desenvolvimento da pesquisa aqui mesmo na UFPI", afirma.

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